O tímpano da Igreja da Glória

Esse título é meio capcioso, eu sei, querido leitor. Mais correto seria escrever Igreja da Glória do Largo do Machado, para não confundir com a outra, a do Outeiro…

Hoje escrevo sobre um baixo-relevo apenas, mas abaixo vai um pequeno histórico da igreja em que está localizado… Quem quiser mais informações deve consultar o livro “Templos Históricos do Rio de Janeiro”, do ótimo Augusto Maurício…

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória é projeto do alemão Julius Friedrich Köller, em colaboração com o francês Charles-Phillippe Garçon Rivière e foi talvez inspirada nos traços neoclássicos da congênere parisiense Église de la Madeleine – ou Igreja da Madalena, para os íntimos – ou da Igreja Sant-Martin`s in the Fields, em Trafalgar Square, Londres. O templo carioca, na minha opinião, é mais autêntico, com sua torre sineira central. A pedra fundamental foi assentada pelo próprio Imperador Dom Pedro II no dia 17 de julho de 1842. Como “obras de igreja” que eram, os trabalhos atrasaram, e o templo só foi oficialmente aberto ao público 30 anos depois, nos meses finais de 1872.

Mas vamos direto ao que interessa. Tímpano é o nome que se dá à superfície plana limitada dentro do frontão triangular de um templo, sobre a qual é possível colocar baixos-relevos alusivos à construção. O nosso tímpano de hoje está ornamentado com um baixo-relevo feito em Paris pelo escultor espanhol Francisco Mutido, sobre o qual quase nada encontrei na Internet. A atribuição a esse artista, creio eu, veio do historiador Manuel Duarte Moreira de Azevedo em seu livro sobre o Rio de Janeiro. A peça representa a “Coroação da Virgem” e teria sido copiada de um “quadro célebre existente na Academia de Belas Artes de Lisboa”.

A imagem mostra a Virgem Maria, ao centro, sendo coroada por três figuras: O Espírito Santo (acima), Deus (à direita) e Jesus Cristo (à esquerda). Toda a cena se dá no meio de nuvens resplandecentes de luz. Deus tem na mão direita a coroa que vai entregar à Virgem, e na mão esquerda carrega uma espécie de cetro, símbolo de seu poder celestial supremo. A coroa, muito simples, é de louros, símbolo da Vitória. Jesus Cristo carrega a cruz de seu martírio. Curiosa é a fatura do Espírito Santo, que saindo das nuvens mais parece um temível falcão em caça do que uma singela pomba. À volta de todo o conjunto veem-se numerosas cabeças de querubins e dois serafins de corpo inteiro, o da direita rezando e o da esquerda com uma rosa, símbolo da pureza e da inocência da Virgem.

Por hoje é só, amigos! Até!

2 Comentários

  1. Alexandre R. Alves · · Responder

    Esse tímpano justifica o título do livro… Tanta gente passa por ali e não repara na simbologia dessa imagem – a começar por mim!

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