Olá, amigos!
Não sei se já contei para vocês, mas ando meio apaixonado pela Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Lá se acha de tudo! O difícil é concentrar-se na pesquisa inicial, tamanho é o número de matérias interessantes que se vai encontrando pelo “caminho”…
Pois bem. “Folheando” recentemente a edição de número 4 da Revista Kosmos, de abril de 1904, deparei-me com a íntegra de um texto em que o emitente cronista e poeta carioca Olavo Bilac, sob o pretexto de escrever sobre o concurso de fachadas para a novíssima Avenida Central, destilava sua implicância contra a arquitetura então praticada na cidade, por ele classificada como “verdadeiras monstruosidades”.
O texto é curto e delicioso. Se alguém quiser acessá-lo, lá vai o link, aqui.
Da farta distribuição de impropérios, chamou-me a atenção, em especial, a má vontade do cronista com determinados ornamentos de platibanda, as popularmente chamadas compoteiras, elementos de ornamentação decorativa muito empregados nas construções da cidade em fins do século XIX e começos do XX.
“Oh! as compoteiras!… O povo deu logo à coisa o nome que lhe convinha… Reparem bem, e reconhecerão que, em cem prédios nossos, do centro da cidade, não há cinco que não tenham na platibanda esses vasos de barro ou gesso, cobertos ou descobertos, uns lembrando terrinas de sopa, outros lembrando urnas funerárias, outros lembrando boiões de compota, e todos horríveis e irritantes…” – vociferava o jornalista em seu texto.
Fiquei com vontade de exibir algumas das compoteiras que já andei fotografando por aí, mas lembrei-me de que minha pesquisa sempre buscou compreender os ornamentos “simbólicos” de cada construção, ou seja, o ornamento que pudesse transmitir alguma “pista” sobre o uso geral do prédio. Nos sobrados cariocas, esses ornamentos se encontram, na esmagadora maioria das vezes, centralmente no alto da fachada, seja decorando um frontão ou mesmo uma platibanda.
Não é o caso das pinhas, pináculos, acrotérios e afins – todos “parentes” da compoteira -, cuja função simbólica no conjunto é mais subjetiva, digamos assim. Esses ornamentos, portanto, mais decorativos e menos alegóricos, eram dispostos pelos arquitetos junto aos vértices das construções – com raras exceções, como veremos.
Ainda que minha coleção de compoteiras não me permita abrir um “armazém” ornamental, resolvi mostrar algumas delas aqui. Como o Rio de Bilac ainda está mais ou menos de pé – ao contrário do Rio de Montigny, que nós já conseguimos derrubar –, ainda se podem encontrar alguns desses ornamentos preservados pelo Rio, especialmente para quem visita os bairros centrais da cidade, como a Glória, o Catete ou o próprio Centro.
Com vocês, as compoteiras de Bilac – e seus endereços!
Rua do Catete, 156 Rua Haddock Lobo, 253 Rua dos Arcos, 28 a 42 Rua Dom Manuel, 25 Praça da República, 63 Rua do Lavradio, 98 Rua Sete de Setembro, 133 Rua do Catete, 82 Rua do Catete, 160 Avenida Passos, 9 e 11 Rua do Riachuelo, 260 Praça João Pessoa, 7
Meu caro professor… Arrancaram uma peça arquitetonica de uma figura INDIGENA que ficava localizado em cima de um BAR proximo a ESTAÇAO DO ENGENHO NOVO. Poderia dizer muita coisa aquela figura emblematica.