
Monstro de cimento armado. Papagaiada indigna. Inesperada, pesada e atrevida no seu todo de concreto.
Foi assim que os jornais da época se referiram à portada do então novo prédio do Clube de Engenharia, no número 124 da Avenida Rio Branco, projeto de 1947 do arquiteto francês radicado em São Paulo Jacques Pilon (1905-1962). O edifício recebeu o nome do engenheiro e político Edison Passos, presidente do clube em cuja gestão o prédio foi construído.
Confesso que sempre olhei para aquela portada com curiosidade. Por que motivo, exatamente, teria o arquiteto projetado aquela “marquise”, se nem funções de marquise a peça tinha?
Pesquisando sobre o arquiteto Pilon, autor de projetos absolutamente originais não só no Rio de Janeiro (Maison de France, Hospital Pedro Ernesto e tantos outros) bem como em São Paulo (antiga sede do jornal O Estado de São Paulo, Biblioteca Mario de Andrade e tantos outros), deparei-me com as matérias da Revista Manchete, do Diário Carioca e da Tribuna da Imprensa, todas de 1953, tratando da tal “marquise”. Nelas, o arquiteto Pilon pode justificar-se que, não querendo fugir à tradição arquitetônica falante tão própria aos ecléticos, quis transmitir, através da tal “marquise”, algo sobre as potencialidades e o domínio da Engenharia sobre os materiais. Nas palavras do arquiteto, “não foi bem uma marquise que eu concebi. Quis incluir no meu projeto alguma coisa que se assemelhasse a um brasão, a um pálio, alguma coisa que representasse a expressão mesma do concreto”.
Pois bem, caros leitores, está explicado. E convenhamos: nesse universo de construções horrendas que a cidade do Rio de Janeiro está cada vez mais entulhada – está aí o Forum, que não me deixa mentir -, até que este “monstro de cimento armado” concebido pelo grande arquiteto francês não faz assim tão feio, né?
Um adendo: recorri ao Google Street View para mostrar a “atrevida” marquise, já que não sei onde foi parar a minha foto. Quando eu a encontrar, prometo, substituo.
Por hoje é só.
Nossa, e pensar que demoliram o belíssimo palacete da primeira geração para contruir esse caixotão. Isso não da pra entender…poderiam ter construido todos esses modernos mais para periferia da região central, e, teriamos assim, uma cidade mais rica. Realmente já desisti de tentar entender o Brasil.
Sempre achei horrível essa construção! kkkk ao ver a construção anterior no mesmo local, fico chateado por ter sido substituída por essa coisa feia! Abs