EDIFÍCIO HEYDENREICH, PARTE 2

EDIFÍCIO HEYDENREICH, PARTE 2

ANTIGA CASA ALLEMÃ
RUA ALVARO ALVIM, 24 (OU PRAÇA FLORIANO, 23)
CONSTRUÍDO EM 1926 PELA COMPANHIA CONSTRUTORA NACIONAL S.A.

Edifício Heydenreich

Olá, amigos! Já escrevemos sobre o Edificío Heydenreich aqui no blog, mas nunca é demais acrescentar informações sobre tão interessante construção do século XX.

A Casa Allemã foi uma importante loja de móveis, tapeçarias e tecidos fundada na cidade de São Paulo em 1883 pelo imigrante alemão Daniel Heydenreich – daí o nome do prédio carioca. A empresa teve filiais em Campinas, Jaú, Ribeirão Preto, Santos e Rio de Janeiro. Aqui no Rio, ela já estava estabelecida nos números 27 e 29 da Rua da Carioca, até a inauguração, no dia 22 de janeiro de 1927, do majestoso prédio no novíssimo Bairro Serrador – ou Quarteirão Serrador – hoje Cinelândia.

Em 1943, com as perseguições aos estabelecimentos alemães no Brasil, a Casa Alemã trocou seu nome para Galeria Paulista de Modas, com o qual funcionou até fechar as portas definitivamente, em 1959.

Até hoje não conseguimos chegar ao nome do arquiteto que projetou o Edifício Heydenreich, mas é quase certo que, estando a construção a cargo de uma companhia de origem alemã – a Companhia Construtora Nacional -, o projeto tenha sido executado por um alemão – Ricardo Wriedt, quem sabe, ou Lambert Riedlinger, um dos sócios da empresa, talvez. Vale comparar as linhas do Heydenreich com o prédio contemporâneo da Academia Brasileira de Ciências, na Rua da Alfândega, 42 – link aqui -, saído da prancheta de Riedlinger.

Mas voltemos à ornamentação, que é o que interessa…

Na fachada voltada para a Cinelândia, o Heydenreich recebeu um baixo-relevo que nós reputamos como o mais emblemático dos Mercúrios cariocas, também de 1926, como o comprova a assinatura – ANNO 1926. JW. Além da beleza plástica do monumento, o Padroeiro dos Comerciantes apresenta-se aqui intimamente associado à cidade do Rio de Janeiro e sua vocação turística. Note-se que a seu lado ele tem o Morro do Pão de Açúcar e um transatlântico sugerindo esta vocação.

Agora, algumas atribuições artísticas…

A autoria do baixo-relevo é desconhecida. É sabido, entretanto, que o escultor alemão Josef Wackerle (1880-1959) assinava algumas de suas obras com as iniciais JW e que era costume os artistas europeus enviarem de navio as encomendas recebidas do exterior. Além disso, não só o período se encaixa – ele teria 46 anos ao fazer o Mercúrio do Heydenreich – como a comparação feita na Internet com outros de seus baixos-relevos bate perfeitamente.

Apesar de não assinado, pode ser igualmente da autoria de Wackerle o baixo-relevo colocado no hall dos elevadores do prédio carioca, visto na Figura 1… Mais uma vez, cartas para a redação, por favor…

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Figura 1. Edifício Heydenreich. Baixo-relevo no hall dos elevadores.

 

Mas não é só. O coroamento do prédio foi decorado com uma enorme estrutura que mais parece uma grande ave de rapina futurista pronta para decolar – reparem na Figura 2, abaixo.

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Figura 2. Coroamento do Edifício Heydenreich.

 

E tem mais. Ainda de frente para a Cinelândia, ornamentos simétricos acima das janelas do décimo andar e sob a primeira moldura superior trazem figuras femininas que só a sensualidade déco soube exprimir. Confira na Figura 3.

Por hoje é só.

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Figura 3. Figura feminina entre ornamentação art déco.

3 Comentários

  1. Ronaldo Rego · · Responder

    O RIO art Decô merece uma grande e apurada pesquisa e publicação em livro, como foram feitas em outras cidades do mundo. Está muito bem conservado o aqui mostrado.

    1. Prezado Ronaldo, bom dia! O Marcio Roiter fez um excelente livro intitulado RIO ART DÉCO. Eu recomendo!

  2. Bela aula!!! Agora olharei para esse prédio com outros olhos, além do Mercúrio…

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