Olá, amigos! A cúpula – também chamada de zimbório – é uma estrutura em forma de abóbada esferoide muito empregada na arquitetura religiosa do passado. Hoje trataremos da cúpula mais monumental que o barroco religioso legou ao Brasil: a da Igreja de Nossa Senhora da Candelária.
Apesar de empregadas em construções mais recentes – como no Palácio Tiradentes, aqui mesmo, no Rio de Janeiro – as cúpulas estavam reservadas, até o século XVIII, quase exclusivamente para os edifícios de caráter religioso. De difícil construção, mas inconfundíveis na paisagem, as cúpulas tinham um importante papel simbólico na comunicação arquitetônica das igrejas. Sua forma, ao remeter aos céus, conferia às igrejas a função de microcosmo do universo.[1]
Deu muito pano para manga a construção dessa cúpula, em especial – mas não é sobre isso que trataremos aqui… [2]
Falaremos de Escultura. No entorno da cúpula encontram-se, confeccionados em mármore branco de Sintra, um guarda-corpo octogonal em cujos vértices estão posicionadas oito esculturas, tudo executado por volta de 1868 em Lisboa pelo canteiro português José Cesário de Sales – “o derradeiro dos estatuários marmoristas daquele sobrenome que produziram inumeráveis obras para os túmulos erigidos no Brasil, a partir de 1848”, segundo o crítico de arte Clarival do Prado Valadares.[3]
As oito esculturas representam figuras históricas e alegóricas, quatro de cada, alternadamente. As figuras históricas são os santos evangelistas Mateus, Marcos, João e Lucas. As figuras alegóricas são a Religião, a Caridade, a Fé e a Esperança.
Conservam-se as centenárias esculturas, graças a Deus, em ótimo estado. Encontram-se reproduzidas aqui, com seus atributos explicados nas legendas.
[1] McNamara, Dennis R. How to Read Churches. New York: Rizzoli International Publishing, 2011.
[2] A construção da Igreja da Candelária, que durou mais de um século para ficar pronta, é muito rica. Sugerimos a leitura dos trabalhos Templos Históricos do Rio de Janeiro, de Augusto Maurício, e A Igreja da Candelária desde a sua Fundação, de José Victorino de Souza.
[3] Um outro Sales – Germano José de Sales – é o responsável pela magnífica fachada em cantaria do Real Gabinete Português de Leitura, toda ela enviada de navio para o Brasil.