RUA DO SENADO, 244 E 246

Protegida sob grande concha, dentro de um nicho central, uma figura feminina coroada de louros traz à mão direita um martelo apoiado sobre bigorna e à esquerda esquadro e compasso. Abaixo desse conjunto vê-se a cabeça de um leão, que tudo protege e guarda.

Ainda que a imagem em questão apresente associações evidentes com a tradição maçônica, não se pode atribuir de imediato os símbolos aí envolvidos àquela sociedade somente. Parece-nos mais prudente supor que o artista lançou mão de diferentes tradições simbólicas para representar este ou aquele atributo, ainda que nos limites da vontade de seu contratante.

A concha, por sua semelhança com o órgão sexual feminino e por trazer dentro de si algo precioso, é um símbolo frequentemente empregado para evocar os sentimentos de fertilidade e proteção.

Na tradição franco-maçom, o esquadro representa a matéria, e o compasso é símbolo do espírito. O entrecruzamento entre o esquadro e o compasso representa o equilíbrio entre as forças materiais e espirituais. O martelo e a bigorna aludem às ferramentas de Hefesto, o deus grego do Ferro, e aqui possivelmente remetem à ideia da atividade industrial exercida no imóvel, que abrigou, pelo menos entre os anos 20 e 30, a Fábrica de Perfumarias e Sabonetes Lambert, de propriedade de A. G. da Cruz (abaixo, no detalhe).