O RIO DE TODOS OS SANTOS: SÃO SEBASTIÃO, 3

No dia 20 de janeiro o carioca comemora o dia de seu padroeiro, São Sebastião, sobre o qual já falamos um pouquinho em duas postagens: SÃO SEBASTIÃO, 1 e SÃO SEBASTIÃO, 2.

Hoje, 20 de janeiro de 2019, vamos começar a falar um pouco mais sobre a Igreja dos Capuchinhos, cuja fachada já foi objeto de nosso estudo naquelas postagens.

Localizado no bairro da Tijuca, no número 266 da Rua Haddock Lobo, o SANTUÁRIO BASÍLICA DE SÃO SEBASTIÃO – mais conhecido pelo carioca por Igreja dos Capuchinhos – veio substituir o prédio quatro vezes secular da Igreja de São Sebastião do Morro do Castelo, cuja construção terminara em 1583 e que desde então, e até 1734, esteve a Sé da cidade. Nesta Igreja do Morro do Castelo, totalmente abandonada pelo poder público, a ordem dos capuchinhos encontrou morada a partir de 1842. Mas o périplo dos frades italianos não havia acabado ali. Derrubado o Morro do Castelo em 1922 por iniciativa do então Prefeito do Distrito Federal, Carlos Sampaio, foram novamente forçados a se mudar – para um recolhimento temporário, até 1931, e a partir de então para a igreja da Tijuca ora estudada.

O projeto original foi adaptado em 1928 pelo engenheiro Guilherme Oates, que a construiu junto com a firma Cury, Irmão e Cia., de 1928 a 1931. Entre 1941 e 1942 o arquiteto italiano Ricardo Buffa conduziu uma grande reforma, conferindo à fachada suas atuais características formais.

O painel de azulejos visto em destaque sobre a portada da igreja, como já vimos, representa a fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá em 1565. Três dos atributos vistos na imagem ainda hoje estão guardados no interior da igreja: a pequena escultura de São Sebastião trazida pelos portugueses fundadores da cidade, o marco de fundação em pedra e os próprios restos mortais do fundador, Estácio de Sá, todos até então guardados na igreja desparecida.

O interior, em estilo eclético neobizantino, confere ao templo uma atmosfera absolutamente feérica e luminosa, com as mais variadas gamas de cores por todos os lados. Esse esplendor é parcialmente devido ao primoroso trabalho – sua obra prima, talvez – do multifacetado artista italiano Cesar Formenti, que para a obra produziu vitrais, pinturas e mosaicos de vidro da mais fina espécie.

Um desses trabalhos é o vitral abaixo, que retrata a Batalha das Canoas, travada entre portugueses e franceses, na qual São Sebastião teria intervindo em benefício dos primeiros. Sobre o vitral, em arco, está a inscrição BATALHA DAS CANOAS – URUÇU-MIRIM – PRAIA DO FLAMENGO – 20/1/1567[1] – ESTÁCIO DE SÁ EXPULSA DA BAÍA GUANABARA OS CALVINISTAS FRANCESES – SÃO SEBASTIÃO APARECE LUTANDO AO SEU LADO.

Formenti produziu ainda todos os altares laterais em mosaico de vidro para receber as imagens trazidas da antiga igreja. Abaixo estão dois deles:

Mosaico em pastilha de vidro representando a Igreja de Santo Antonio, em Pádua, na Italia, parte do altar lateral dedicado àquele santo franciscano.

Mosaico em pastilha de vidro representando a Basilica de São Pedro, no Vaticano, em Roma, parte do altar lateral dedicado ao pai de Jesus, São José.

[1] A Batalha das Canoas, que teve a intervenção de São Sebastião, teria acontecido, na realidade, no dia 9 de julho de 1566. Em 20 de janeiro de 1567 travou-se a Batalha de Uruçumirim, quando os portugueses expulsaram definitivamente os franceses da região e quando o fundador da cidade, Estácio de Sá, recebeu uma flechada no olho, vindo a falecer um mês depois.

um comentário

  1. Ótimo, adorei conhecer essa breve, sobre o padroeiro da Cidade. E se torna um belo convite para acompanhar a obra ao vivo. Lembranças

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