A CAIXA DE SOCORROS DOM PEDRO V

Avenida Marechal Floriano, 185, Centro

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Hoje falaremos um pouquinho sobre a fachada da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V, assim batizada em homenagem ao monarca português falecido em 1861.

A sociedade foi fundada em 1863 e teve várias sedes na cidade.[1] A sede atual e definitiva – objeto desta postagem -, na Avenida Marechal Floriano, 185, foi erguida pela Igreja Evangélica Fluminense em 1885 para servir como primeiro templo evangélico do Brasil.[2] O projeto original, neoclássico, fora encomendado à Inglaterra. Quando da aquisição pela Caixa de Socorros Dom Pedro V, em 1914, recebeu adaptações locais da firma Antonio Jannuzzi e Irmãos.

Como já dissemos, interessa-nos aqui a fachada, em especial o baixo relevo aposto no tímpano e as três esculturas dispostas nos vértices do frontão. Repare que essas esculturas não homenageiam santos, como se poderia supor, mas virtudes alegóricas associadas às idéias que querem transmitir.

O baixo-relevo contido no tímpano (na foto abaixo), pintado num fundo rosa, traz uma cena que evoca claramente as finalidades para as quais a instituição foi criada e sua missão maior, traduzidas na palavra adoção: uma mulher oferece o peito para uma criança enquanto estende com a mão direita um punhado de rosas para outra criança. A seu lado uma terceira criança traz mais rosas. A rosa tem sido muito empregada no simbolismo cristão para evocar a pureza, a bondade e o amor da Virgem Maria. Este é um exemplo clássico.

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DSC_0072A escultura central, sobre o frontão, vista à esquerda, remete às mesmas idéias de amparo e adoção: uma alegoria feminina ampara duas crianças junto de si. Já as esculturas das extremidades, vistas mais abaixo, trazem atributos associados a virtudes daqueles que se dispõem a ajudar o próximo: à esquerda do observador, uma mulher porta um cálice nas mãos e apara uma grande cruz, aludindo à fé e à religiosidade. Por fim, a escultura disposta no vértice direito da composição arquitetônica tem junto de si uma enorme âncora, recorrente símbolo cristão da esperança.

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Alegoria da Fé e da Religião

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Alegoria da Esperança

 

[1] A bibliografia fala em vários endereços (nas ruas Municipal, Visconde do Rio Branco e outras), mas até a compra do prédio definitivo a sede principal devia estar localizada no sobrado da Praça Tiradentes, 69, em cuja frontaria consta a inscrição RBCSDPV (última foto abaixo), e que sofreu forte incêndio no ano de 1910. Hoje o prédio, totalmente restaurado, compõe o Centro de Referência do Artesanato Brasileiro.

[2] A Igreja Evangélica Fluminense vendeu o prédio para a Caixa de Socorros Dom Pedro V em 1914, mesmo ano em que mandou construir seu templo definitivo, hoje na Rua Camerino, 102, também no Centro.

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2 Comentários

  1. Cheguei por acaso neste blog e adorei o que encontrei. Sou estudante de história e para mim não há nada melhor que andar pelas ruas do Rio adimirando as fachadas e arquiteturas das casas. Consigo sentir o ar histórico só de passar pelas ruas do centro.
    Interessante como pessoas passam por ali o dia todo e se quer notam que há uma relíquia em forma de residência bem ao lado dela. E a maioria com seus brasões, datas e pura beleza.
    E hoje voltando do meu estágio avistei uma residência com as seguintes siglas “RBCSDPV”, rapidamente anotei em meu celular e fui pesquisar, assim cheguei aqui e consegui descobrir o significado, fiquei tão feliz que alguém se dedique a esse trabalho.

    1. Prezada Yasmim,
      Boa noite e obrigado pelas palavras. Essa pesquisa tem sido meu oxigênio já há algum tempo. Desfrute à vontade, e ajude-me a divulgar O RIO QUE O RIO NÃO VÊ, ok? Uma novidade: em janeiro próximo devo inaugurar no Centro Cultural Correios de São Paulo o projeto A SÃO PAULO QUE SÃO PAULO NÃO VÊ. Torça!
      Um abraço,
      Luiz Eugenio

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