O RIO DE TODOS OS SANTOS: SÃO JOSÉ

Igreja de São José, Centro do Rio de Janeiro

Em 19 de março comemora-se o Dia de São José, um dos santos mais populares da devoção católica no mundo. No Rio de Janeiro o pai de Jesus dá nome a inúmeras construções, entre as quais escolas, fortalezas e, obviamente, capelas e igrejas.

Entre os inúmeros templos dedicados ao santo, escrevemos hoje sobre o principal deles – a Igreja de São José da Avenida Presidente Antonio Carlos, no Centro. Localizada no sopé do extinto Morro do Castelo, ela deu nome, já em princípios do século XVII, a uma das mais importantes artérias da cidade colonial. Acertou quem pensou na Rua de São José, que ligava a igreja de mesmo nome ao Convento de Santo Antonio.

Antes, porém, um pouquinho para o santo…

José de Nazaré é o pai de Jesus na Terra. Embora fosse da família do Rei Davi, desempenhava a atividade artesanal de carpinteiro. É assim, munido das ferramentas de seu ofício, ou carregando ao colo o Menino Jesus, e geralmente barbado, que ele é representado na iconografia cristã.

Um atributo, entretanto, o identifica mais facilmente. Diz a lenda que, no momento em que se escolhia um marido para a Virgem Maria, um ramo de lírio branco teria miraculosamente brotado do cajado de um dos candidatos – José. O lírio branco é, pois, símbolo da pureza e da castidade, e aparece com enorme frequência nas representações de São José.

Passemos, agora, à igreja propriamente dita. Segundo o historiador Augusto Maurício, uma pequena ermida dedicada a São José já se encontrava no local da atual igreja desde o ano de 1608. Com o passar do tempo o pequenino templo, muito danificado, teve de ser demolido. Foi então que a Irmandade de São José resolveu, a partir de 1806, erigir uma nova morada, e a nova igreja demorou de 1808 a 1842 para ser concluída, com risco do Mestre Felix José de Souza (1807) e adaptações de João da Silva Muniz (1816).

Como se vê na foto inicial desta postagem, ela repousa atualmente meio espremida entre um palácio eclético – o Palácio Tiradentes, sede da ALERJ – e um arranha-ceú moderno – o Edifício Estácio de Sá.

O frontão elevado – tipicamente oitocentista – traz no paramento branco dois baixos-relevos. No de baixo, uma cartela em cantaria traz as iniciais JMJ – de Jesus, Maria e José, entre um ramo de lírio, à direita, e uma palma, à esquerda. O de cima, circular, traz uma vez mais as mesmas iniciais, desta vez circundadas por um festão de flores e um resplendor. Entrecruzam-se aqui, formando um X, uma cruz alusiva ao Cristo e o ramo de lírio branco alusivo a São José.


O frontão da Igreja de São José e seus baixos-relevos em destaque

Maurício recorda ainda da fama do poderoso carrilhão, cujos sinos de bronze podiam ser ouvidos a longas distâncias.

A fachada lateral, além de riquíssima arquitetonicamente, guarda um detalhe curioso e digno de nota: repare que as janelas vão se aproximando à medida em que se afastam da fachada principal, num interessante jogo de perspectiva.

um comentário

  1. Paulo Roberto Aleixo de Menezes · · Responder

    Obrigado! Ótimo poder conhecer detalhes do meu Rio.

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