O EGITO É AQUI!

Amigos,

Olá! Evidentemente que o Egito não é aqui. Alguns diriam infelizmente, mas é porque eles não moram lá… Outro dia peguei-me pensando nas várias referências na arquitetura eclética carioca à civilização humana que tanto impressionou – e continua impressionando – os estudiosos: o Antigo Egito.

Vamos, então, por ordem de minha preferência, aos endereços no Centro carioca onde podemos encontrar alguma alusão explícita ao Egito.

Sobrado Neoegípcio
Este sobrado de 1910, localizado nos números 40 e 42 da Rua Pedro Alves, no Santo Cristo, está entre as mais curiosas construções da cidade. Segundo o excelente Guia da Arquitetura Eclética no Rio de Janeiro, publicado em 2000 pela Prefeitura da cidade, trata-se de “um raríssimo exemplar de ornamentação neoegípcia ingenuamente aplicada”.

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O centro da fachada traz a escultura de corpo inteiro de uma divindade egípcia, provavelmente Hator, deusa do amor, da beleza e da música. / The main façade brings the sculpture of an egyptian deity, probably Hator, the egyptian goddess of Love, Beauty and Music.

 

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O disco solar alado – atributo do deus Hórus – está aqui presente tanto no gradil da bandeira da janela como no baixo-relevo em argamassa, acima deste (no detalhe, abaixo). / A winged solar disc – named Horbehutet – appears here both in the fanlight and in the mortar bas-relief above it (seen in the detail, below).

 

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Vemos acima um escaravelho alado, atributo do deus Khepri, também relacionado ao deus solar Ra. Nota-se a inclusão um tanto peculiar de uma concha sobre o conjunto. / Above we see a winged scarab, an attribute of god Khepri, also related to solar god Ra. It is noticeable the inclusion of a shell, a symbol not very often associated with egyptian faith…

 

Museu Nacional de Belas Artes
Também O MNBA (Avenida Rio Branco, 199) carrega em sua fachada, entre tantas outras, referências decorativas às antigas civilizações, entre elas o Egito. Para saber mais, visite esta e esta postagem.

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Um dos 8 belíssimos baixos-relevos em terracota do escultor Honório da Cunha e Mello (1879-1949) homenageia o Egito, trazendo as imagens de uma esfinge e de três pirâmides, provavelmente aquelas da cidade de Gizé. / One of the 8 beautiful terracota bas-reliefs made by scupltor Honório da Cunha e Mello (1879-1949) pays hommage to Egypt by picturing a sphinx and three pyramids, probably those of the egyptian city of Giza.

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A fachada cega da Rua México traz quatro imensos painéis em terracota, do escultor inglês Edward Caldwel Spruce (1849-1923). Entre eles está a cena acima, de um momento no cotidiano artístico do Antigo Egito. / The blind façade of Rua Mexico brings four giant terracota panels, from english sculptor Edward Caldwel Spruce (1849-1923). Among them is the scene above, a moment in the daily life of Ancient Egypt.

 

Edifício junto à Avenida Rio Branco
Neste endereço – Rua do Ouvidor, 116 – teria funcionado a famosa casa comercial Ao Rei dos Mágicos, de Antonio Ribeiro Chaves, pioneiro brasileiro na área das comunicações telefônicas. O atual edifício, restaurado lá pelos anos 1920 – quando já abrigava a Joalheria Luiz de Rezende -, carrega hoje uma decoração para lá de eclética, que traz desde referências medievais, como elmos e capacetes, até aquelas por nós aqui estudadas: duas grandes esculturas metálicas representam um faraó e uma deusa egípcios, e o gradil metálico está decorado com um escaravelho dotado de asas de falcão e serpentes, atributos relacionados ao deus solar egípcio Ra.

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Sede carioca da PETROS
Finalmente, dois baixos-relevos em metal bem acima das cabeças dos pedestres decoram a fachada da PETROS, na apertada Rua do Ouvidor, 98. Apesar de não poderem ser “acusados” de bonitos, foram executados pelo grande escultor brasileiro Bruno Giorgi (1905-1993). Num deles – abaixo – podemos ver os perfis de uma esfinge e de uma pirâmide, provavelmente inspiradas na cidade egípcia de Gizé.

É isso! Até a próxima!

 

 

 

6 Comentários

  1. Sergio Coelho · · Responder

    Parabéns pela matéria! A fachada da Casa Luiz de Rezende é projeto do arquiteto francês Charles Adda (https://archiwebture.citedelarchitecture.fr/fonds/FRAPN02_ADDCH/inventaire/objet-1262). Os temas do antigo Egito se explicam, também, pelo fato de o proprietário, o joalheiro e exportador de diamantes Luiz de Rezende, pertencer à Ordem Rosa-Cruz, que tem origem naquele país. Nesse edifício ocorreu o primeiro roubo espetacular do país, jamais solucionado e conhecido como o “Buraco do Rezende(http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=120588&pagfis=11095)

    1. Prezado Sergio,
      Muito obrigado pela informação! Estou escrevendo sobre o prédio, e tu acabas de enriquecer muito minha matéria. Se tu souberes mais alguma coisa sobre o Luiz de Rezende ou sobre o prédio da Rua do Ouvidor 116, por favor me encaminha, ok?
      Um abraço cordial,
      Luiz Eugenio

  2. sergio coelho · · Responder

    Prezado Luiz Eugênio, Tenho pesquisado sobre Luiz de Rezende, de quem sou sobrinho-tetraneto, principalmente na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Destaco o belo necrológio que lhe fez seu amigo Coelho Netto (http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=107670_03&PagFis=9145mnba); a foto da joalheria, em 1922, publicada em 1922, em O Malho e a Sala Luiz de Rezende, no MNBA (http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=178691_05&PagFis=22973). Um forte abraço do Sergio Coelho

    1. Olá, Sergio. Será que podemos conversar? Sou arquiteta e estou fazendo uma tese sobre Luiz de Rezende.
      Se puder entrar em contato comigo: arqdanielacosta@usp.br

  3. sergio coelho · · Responder

    Desculpe, não enviei o link da foto: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=116300&PagFis=48632

  4. Acho interessante mencionar que também já tivemos um pavilhão egípcio na exposição que aconteceu perto da Praia Vermelha em 1908.

    https://brasilianafotografica.bn.gov.br/brasiliana/discover?query=Egipcio

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