TEATRO MUNICIPAL, PARTE 2: AS CARIÁTIDES

PRAÇA FLORIANO, S/N
TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
PROJETO DE FRANCISCO DE OLIVEIRA PASSOS E ALBERT GUILBERT, 1904

AUTORES DESCONHECIDOS
OITO ESCULTURAS EM BRONZE
1909 C.

Atlantes[1] e cariátides – já vimos aqui no blog – são estruturas ornamentais antropomórficas[2] empregadas nas construções desde a antiguidade clássica. Possuem, na maioria das vezes, a função simbólica de sustentar o peso do edifício.[3]

A diferença entre atlantes e cariátides reside unicamente no gênero – emprega-se o termo atlante para as formas masculinas e cariátides para as femininas.

Atlante do IPHANNo Ecletismo essas colunas decorativas conheceram grande difusão pela Europa e pelo mundo ocidental. Também no Brasil elas fizeram muito sucesso. No Centro do Rio de Janeiro continuam atraindo a atenção dos transeuntes os 9 atlantes na fachada da antiga Cia. Docas de Santos – atual IPHAN (à esquerda).

E as cariátides, onde estarão nesse calor carioca? Talvez os dois mais belos exemplos delas na cidade estejam bem próximos um do outro, bem ali na Cinelândia. No primeiro exemplo estão as 14 cariátides do Museu Nacional de Belas Artes – provavelmente esculpidas pelo grande Rodolfo Bernardelli – seis das quais, dando frente para a Avenida Rio Branco, vistas abaixo.

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O segundo exemplo – e objeto dessa já longa postagem – são as oito cariátides do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, quatro de cada lado, que em perfeita simetria “sustentam” as colunas das rotundas da fachada principal. Representam as quatro estações do ano e podem ser vistas abaixo.

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Percebe-se em algumas delas a tentativa do artista de fugir à representação tradicional dos atributos consagrados às quatro estações – uma tentativa, talvez, de corroborar a moderna atitude de romper com o passado e a tradição artística.

As oito esculturas, em bronze, teriam vindo da França. São elas, vistas a partir da portada para as laterais:

O Inverno tem a cabeça e o corpo guardados pela pele de um felino que eventualmente acabou de capturar.

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O Outono, sorridente de renovação, traz consigo os frutos de uma boa colheita, a uva inclusive, já que é a estação consagrada a Baco (Dioniso).

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A Alegoria do Verão – abaixo – costuma trazer como atributos o dragão cuspindo fogo, um feixe de trigo ou uma foice. Aqui tem o corpo coberto de escamas e traz na mão esquerda uma afiada faca ao invés de uma foice e um ramo de outra planta – alô, botânicos! – no lugar do feixe de trigo.

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A Primavera, finalmente, está envolta de seu atributo mais típico –  a flor – além da palma na mão direita, simbolizando possivelmente a renovação da vida após o Inverno.

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Para quem ainda não cansou coloco abaixo quatro exemplos de atlantes e cariátides cariocas e seus endereços, com especial destaque para a cariátide-índia-sereia do Edifício Itahy, trabalho do escultor Pedro Correia de Araújo. Achando mais, eu grito.

[1] Também chamados telamons.

[2] Antropomórfico é tudo o que assume a forma humana.

[3] O termo atlante – o leitor já percebeu – deriva do nome do deus mitológico grego Atlas, que recebeu de Zeus o castigo divino de sustentar o mundo em seus próprios braços.

3 Comentários

  1. dominiqueperchet · · Responder

    bonjour
    belles photos, belles statues. Mais je ne suis pas sûr d’avoir tout compris ; quelle est l’origine de ces cariatides ? France ? Italie ? Merci de votre réponse

    1. Cher Dominique,
      Je ne suis pas du tout sûr de l´origine de ces cariatides. Le personnel du theatre a informé qu´elles avaient eté achetées à la France. Dans la Bibliothèque Nationale brésilienne, il y a un volume avec le texte suivant, daté 1913 et originalement écrit en portugais et français: “Les façades laterales nous resérvent des imprevus de beauté. L´amateur glisse le regard en admirant les corps de côté, les cariatides de bronze représentant les quatre saisons.”
      Que penses-tu sur cette origine?
      Cordialement,
      Luiz Eugenio

      1. dominiqueperchet · ·

        bonsoir
        A regarder l’esthétique de ces très belles figures, je leur trouve un air ou un style italien. Pourtant j’aimerais tant pouvoir les qualifier de françaises, même si la beauté n’a pas de frontières.
        Il n’y a rien sur la base des bronzes ?
        Merci pour ces découvertes.
        Dominique

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