O RIO DE TODOS OS SANTOS: SÃO BRÁS

O RIO DE TODOS OS SANTOS: SÃO BRÁS

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Olá, amigos! Esta é uma postagem rapidinha para aproveitar o dia de hoje, 3 de fevereiro, e sua relação com a arquitetura carioca. Acontece que 3 de fevereiro é dia de São Brás (ou Braz, como quiserem), e aqui pelo Centro da cidade do Rio de Janeiro também é possível encontrar referências simbólicas ao Padroeiro dos Veterinários.

Diz-se de São Brás que terá vivido entre os séculos III e IV da era cristã na Armênia. Mais na nota [1].

Interessa-nos aqui, especificamente, como sempre, um brasão de armas posicionado no alto do prédio de número 22 da Rua dos Andradas. O número 26, mais moderno, traz as mesmas armas em seu coroamento. Concentremo-nos, então, no número 22, de feição eclética e mais exuberante, portanto.

Dividido em três corpos salientes, com sacadas alternadas por gradis, o prédio, de 1907, recebeu em seu coroamento a seguinte inscrição: I DO G M S B (vista abaixo), sobre a qual um frontão entrecortado traz as armas de seu proprietário original.

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Trata-se da Venerável Irmandade do Glorioso Martir São Braz.

Até a atual reforma – feita lá por 2014 – o brasão de armas central do prédio ainda mantinha sua imponência e dignidade, apesar de rachado e quebrado, e podia continuar ostentando o título de obra de arte a céu aberto. Hoje, infelizmente “restaurado” por mãos totalmente inábeis, o baixo-relevo perdeu completamente sua riqueza de detalhes original, chegando ao extremo de ter sua interpretação seriamente comprometida. Mas quem se importará com isso, se nem os órgãos de patrimônio se importaram?

Abaixo vão duas imagens do mesmo brasão de armas, em duas fotografias separadas pelo tempo: a primeira feita antes da restauração, em julho de 2010, e a segunda, feita hoje, 3 de fevereiro de 2016. A partir do brasão antigo – o mais bonito, abaixo -, o leitor verá que ainda é possível discernir todos os atributos do santo: a mitra (para adornar a cabeça do bispo), centralmente; a ínfula (faixa de tecido que sai da abertura da mitra); à direita, o báculo (o cajado com a extremidade curva próprio da autoridade do bispo); o pente de tosquiar lã, à esquerda, com o qual teria sido São Brás martirizado; e finalmente, centralizadas e dispostas em X, duas velas com a ajuda das quais o santo teria curado uma criança engasgada com uma espinha de peixe…

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[1] O santo é também chamado Brás de Sebaste, nome de sua cidade natal. Segundo Luiz Fernando C. Marcondes, em seu excelente Temas e Símbolos da Arte Universal, São Brás é padroeiro dos cardadores de lã e dos veterinários. Curava animais e salvou um menino com a garganta infeccionada. Às vezes, tem velas cruzadas como atributo, pois houve o costume de pô-las em doentes da garganta. Foi esfolado vivo por ordem do Imperador Licínio. Além desta cena, é representado em vestes episcopais, com mitra.

3 Comentários

  1. A restauração é um deboche! Onde estão os responsáveis do IPHAN ? ? Se temos as fotos perfeitas onde está o problema para restaurar ? Não seria o caso de chamar a firma que fez o trabalho pra consertar o erro grosseiro? Uma multa para servir como exemplo.

  2. A restauração ficou horrível, canhestra.

  3. Monica De Lorenzo Tonndorf · · Responder

    Maos e administracao totalmente inabeis….. Porem, temos de consolo, que a popoulacao esta crescendo velozmente.

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