A porta do Edifício Itahy

EDIFÍCIO ITAHY
AVENIDA NOSSA SENHORA DE COPACABANA, 252
PROJETO DE ARNALDO GLADOSCH, 1932 | CONSTRUÍDO POR SCOTT & URNER LTDA., 1932

RELEVO EM CERÂMICA ESMALTADA | 1935
PEDRO LUIZ CORREIA DE ARAÚJO

Edifício Itahy

Nem só das belezas do Centro da cidade vivem a arquitetura e a ornamentação arquitetônica cariocas. Muitos já devem ter parado para admirar a espetacular porta do Edifício Itahy, no Lido.

Segundo a Wikipedia, itahy significa, em língua tupi, “pedra pequena”. Esse padrão de nomenclatura segue a tendência do art déco nacional, que a partir de determinado momento, sob diversas influências, adotou e tentou ressignificar o elemento nativo, em especial a arte marajoara (populações indígenas que habitaram o Pará no Brasil pré-descobrimento). São exemplos, além do Itahy, os vizinhos Itaoca e Guahy, os geminados Itaiuba e Hicatu, no Flamengo, e muitos outros edifícios construídos na cidade entre os anos 30 e 40.

A porta, em ferro batido pintado de preto, vazada em sua porção superior, apresenta uma estilização abstrata que remete a estruturas marinhas, como árvores de corais ou algas, e em sua porção inferior, menor, placas também pintadas de preto recebem tartarugas estilizadas.

Emolduram a porta, à direita e à esquerda, painéis em majólica (cerâmica esmaltada) verde, dispostos verticalmente, lembrando tubos de um órgão de igreja. Acima dela, um belíssimo relevo, executado e assinado pelo pintor Pedro Luiz Correia de Araújo, mostra uma índia-sereia-cariátide de longa cabeleira sentada numa rocha em postura altiva e cercada de animais marinhos, como a estrela-do-mar e a anêmona, e ondas-tentáculos que estouram na rocha.

Assinada P. C. de Araújo. 1935

2 Comentários

  1. jose roberto teixeira leite · · Responder

    Luiz, você está fazendo um trabalho espetacular, ao levantar a ornamentação escultórica de dezenas de prédios do Rio de Janeiro. Você está revelando o Rio que o Rio não vê não apenas aos transeuntes e aos turistas, mas também aos historiadores de arte que, como eu próprio, graças a seus esforços ficamos conhecendo um formidável acervo de esculturas até aqui sequer imaginado. Parabens!

  2. Era(ou ainda é) o edifício onde meu primeiro namorado morou. O qual não vejo a 25 anos. Ver a porta do seu edifício depois de tantos anos enche meu coração de nostalgia

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