Antigo Banco Alemão Transatlântico

RUA DA ALFÂNDEGA, 42
PROJETO DE LAMBERT RIEDLINGER, 1924
FUTURA SEDE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS

AUTORES DESCONHECIDOS | 1926 C.

Alfandega 42

A sede do antigo Banco Alemão Transatlântico, construída pela Companhia Construtora Nacional, foi concluída em 1926. Na mesma região do Centro da cidade estavam instaladas diversas outras instituições bancárias estrangeiras, como o Banco Francês e Italiano para a América do Sul, hoje ocupado pela Fundação Getúlio Vargas, e o Banco Germânico da América do Sul, hoje Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

Comparável, em riqueza ornamental, com poucos outros edifícios públicos cariocas, a fachada está repleta de referências simbólicas. Acima da entrada principal, posicionada em chanfro na esquina entre as Ruas da Alfândega e da Quitanda – solução arquitetônica muito encontrada nas construções cariocas do período -, baixos-relevos em cantaria mostram Mercúrio e seu capacete alado ladeados por caravela e navio mercante (reproduzido acima), todos estilizados à maneira déco. Acima deste conjunto, no gradil, um ornamento em serralheria destaca o caduceu de Mercúrio e a cornucópia que expele flores e ramos de café (visto abaixo). Mais acima, em alvenaria, outro baixo-relevo nos revela uma águia de asas abertas, símbolo presente no brasão de armas da Alemanha desde a instituição do sacro Império Romano-Germânico.

Alfândega 42

Nas fachadas laterais encontram-se, em alvenaria, as armas dos países sulamericanos com os quais o banco mantinha relações comerciais: além do Brasil, estão ali os brasões da Argentina, do Chile, do Peru, da Bolívia e do Uruguai (aqui reproduzido). Abaixo destas, em cantaria, pequeninos baixos-relevos trazem referências às atividades comerciais, industriais e agrícolas do banco: o caduceu de Mercúrio, o martelo e a engrenagem, a foice e a espiga, a espada e a balança e três abelhas dispostas em triângulo. Interessa-nos este último, reproduzido ao fim desta postagem. A evocação ao inseto é uma alusão ao trabalho organizado, à disciplina e à energia que se esperam de um banco. As abelhas remetem ainda às ninfas Thriae, deusas-abelhas que segundo algumas interpretações da mitologia grega possuíam a habilidade de enxergar o futuro e interpretar os sinais da natureza, como fazem as abelhas e como se espera de bancos e companhias seguradoras.

O prédio, tombado pelo Inepac, esteve até 2012 aos cuidados da Secretaria Estadual de Fazenda. Cedido pelo Governo do Estado, vai abrigar agora a nova sede da Academia Brasileira de Ciências.

Alfandega 42

Alfandega 42

7 Comentários

  1. Peter Jacubowsky · · Responder

    Estou à procura duma confirmação de que o Hotel Novo Mundo, vizinho ao Palácio do Catete, fora construído também pela firma de Lambert Riedlinger. Seria possível confirmar ou desmentir?

    1. Prezado Peter,
      Boa noite! Desculpa a demora da resposta. Eu estava justamente tentando achar uma resposta. Infelizmente não tenho conhecimento da construção do Hotel Novo Mundo, mas não desisti ainda. Se eu descobrir alguma coisa te informo, ok?
      Um abraço cordial,
      Luiz Eugenio

  2. sandro luiz vilara castilho · · Responder

    boa noite! estou a´procura de uma apólice de seguro de meu tio legitimo musico da orquestra brasiliana do rj , que fez uma tour pela europa e fez um seguro de vida pelo banco transatlântico. vindo a falecer em Berlim em 30/12/1968 e sendo sepultado no cemitério municipal de colônia Alemanha.aguardo contato obrigado

    1. Prezado Sandro,
      Bom dia! Desejo sucesso nessa tua busca, mas creio não poder te ajudar nisso. Por que não tentas alguma representação oficial alemã no Brasil?
      Um abraço cordial,
      Luiz Eugenio

  3. sandro luiz vilara castilho · · Responder

    o nome de meu tio Paulo bueno vilara musico da orquestra brasiliana essa mesma sob direção do sr jornalista miécio askanasy.

  4. […] o prédio contemporâneo da Academia Brasileira de Ciências, na Rua da Alfândega, 42 – link aqui -, saído da prancheta de […]

  5. Marcos A. R. Nogueira · · Responder

    Meu tio e sogro Luiz Osório Roseigues Nogueira Filho, baiano de Serrinha, trabalhou nesse banco em 1925/28. Muito interessante saber detalhes dessa instituição.

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